
Bom, esse post poderia começar por uma das intermináveis dicas de volante e estradas que recebi nos últimos meses, mesmo todos nem percebendo que não dirijo e, consequentemente, que nessa road trip vou de mochilão.
Desde que definimos cair na estrada, sempre lidamos com esse fato na maior naturalidade. Curioso é todos se espantarem quando falamos isso. No final, é sempre assim: eu me sinto reprimido por não dirigir e a Ceci se sente subestimada por fazer toda nossa rota pela América do Sul (isso quando não se sente ignorada, com a pessoa olhando fixamente pra mim, enquanto diz como aquela estrada é esburacada, ou como precisa prestar atenção no radar X ou Y). Como não se questionar? E se fosse o contrário? Nem de longe somos normais. E olha que não fazemos nenhum esforço para nos mantermos assim.
Quando optamos por fazer essa trip de carro, tivemos que analisar toda a situação para vermos se realmente se tornaria viável. Sempre foi uma relação de tempo x dinheiro, e como estaríamos em apenas um motorista, o tempo de estrada seria comprometido. Por conta disso, a escolha por campings ao longo da nossa rota foi crucial, uma vez que pudemos estender (e muito) nosso tempo de viagem, a um custo extremamente baixo. Além disso, desde o início sabíamos que o tempo de estrada diário teria que ser reduzido (Afinal, como estaremos em função disso todos os dias, o cansaço alguma hora acabará batendo). Mas sempre enxergamos isso como uma ótima oportunidade (e desculpa) para conhecermos mais cidades, ao invés de simplesmente passarmos por suas vias e rodovias, quase que despercebidamente
Outro fator que não pode ser deixado de lado é a necessidade de um co-piloto focado, pois caminhos totalmente desconhecidos nos esperam. E tendo cada um sua função estritamente definida, tudo ficará mais fácil (Ah, aqui eu ia citar: quem tudo faz, pouco sabe. Mas talvez só seria um artifício para defender minha condição de administrador de GPS e Mapas). Esses são os ingredientes que nos motivaram a seguir em frente com o planejamento gigantescos de rotas e projetos e papeladas para essa viagem.
Também não posso negar que em uma trip como essa, precisaríamos de uma trilha sonora à altura. E, honestamente, nada melhor que contar com o poder do Ipod em suas mãos.
É, sempre quis ter uma história legal pra contar. A Ceci tinha planos de fazer uma road trip pela América do Sul, e eu: um mochilão. Nos unimos, e o carro se tornou uma mochila móvel.
#4 Sobre não dirigir (Um mochilão sobre rodas)
Pedro Henrique Krug. Existe desde 1993, publicitário por formação. Está sempre com um livro na mão. Viajou diferentes universos com Kubrick, Lars Von Trier e Tarantino. Gosta de Beatles, mas também ouve Raimundos. Poderia ser filho de Alan Moore ou neto de Bukowski. Prefere os confeitos coloridos.

Pedro