É difícil afirmar quando o projeto dessa trip teve início. Mas, com toda a certeza do mundo, podemos dizer que nossa primeira viagem à Buenos Aires foi extremamente decisiva para estarmos prestes a pegar a estrada. Uma semana na capital porteña nos fez enxergar a América do Sul sob outra perspectiva. O hostel super discreto e simplório, aliado ao pessoal receptível e amigável. Os passeios acessíveis, sem necessidade de táxis, aliados ao transporte público pago em poucas moedas. Um pedaço da europa em azul e branco. E ao mesmo tempo, um lado b quase desconhecido, oculto entre os atrativos turísticos do Caminito. Sim, com toda certeza isso nos despertou para algo que tínhamos quase do nosso lado.

 

Se em primeiro momento não fechamos uma parceria com a América do Sul, ao menos definimos que parados não ficaríamos. Então, em pouco tempo, começamos algumas pesquisas mentais por lugares legais para morarmos. O primeiro era Estados Unidos, mas sabíamos que levaríamos um bom tempo até conseguirmos um orçamento legal para investir por lá, e que talvez não fosse revertido em uma permanência longa na terra do Tio Sam. Na sequência: Austrália. Curtimos muito a ideia, e caímos em pesquisas na web. Já nos imaginando na Oceania (e torcendo para vivermos apenas um pouco da Oceânia de George Orwell), com suas múltiplas possibilidades de emprego e cenários mais do que irados (apesar das chuvas de aranhas e insetos mais-do-que-esquisitos), percebemos que o que gastaríamos com os vistos já seria um investimento gigantesco, e se não conseguíssemos uma longa permanência, seria a viagem mais cara e curta de nossas vidas.

 

E é mais ou menos nesse ponto em que chegamos a seguinte equação: viajar x dinheiro + tempo de viagem. Assim percebemos que, mais do que o lugar que iríamos (afinal, viajar era o fator principal), uma das coisas mais importante era o tempo que poderíamos ficar. Não pensando duas vezes, vimos que substituir aviões por carro e gasolina, hotéis por campings e hostels, e europa/eua/oceania pela América do Sul ia fazer com que o mesmo orçamento acabasse nos rendendo muito mais tempo e histórias ainda mais legais.

 

O roteiro foi mais fácil de se definir, ao menos os principais pontos da nossa jornada: Ushuaia (ARG) e San Pedro de Atacama (CHI). E assim, sabendo que estávamos prestes a nos formamos em Publicidade, não tínhamos dúvidas que não seria apenas uma viagem, mas sim: um projeto e muitos meses de trabalho. O projeto começou sem nome, e levou bastante tempo até fazermos o brainstorm oficial. Enquanto isso, boa parte dos planejamentos de roteito e, consequentemente, financeiro foram feitos. E tudo foi se tornando uma bola-de-neve-de-planejamento: cada item que faria parte da viagem, acabava ingressando em nossas tabelas malucas. Hospedagem, pedágios, gasolina, alimentação, investimentos em adaptação do carro e mais incontáveis afins.

 

Com isso tudo tomando corpo, era impossível não definirmos o nome e iniciarmos a identidade visual (até o momento éramos Trip or Trap, mas isso já estava nos consumindo). E assim: Trippers nos tornamos, e percebemos que esse era o resultado da equação. Em uma tarde surgiram os primeiros esboços e ideias de projetos audiovisuais, até que quase seis meses nos levaram até aqui. Agora iniciamos nosso pacto com a estrada, e esperamos que faltem cliques e teclados, de tantas histórias para contar.