
Eis que, após seis meses de planejamento e criações do projeto: pegamos a estrada rumo ao extremo sul do globo. Nosso plano inicial era ficarmos hospedados apenas uma noite em Porto Alegre (após 7 horas de viagem), e partirmos na manhã seguinte, com destino Chuí-Fortaleza de Santa Tereza. Porém, como bons tripulante e aspirante a piratas, contratempos nos fizeram estender a estadia pela Liverpool do Hemisfério Sul.
O motivo de tudo é algo aparentemente simples: o carro que estamos usando na viagem não está em nosso nome. Logo: descobrimos uma série de etapas burocráticas para validarmos a entrada nos países vizinhos-e-amiguíssimos-do-mercosul.
Pegos de surpresa, sim! Mas não por falta de planejamento. Todos os trâmites de seguro/carta verde do carro foram feitos por uma seguradora, a qual, por ser especializada nesse tipo de situação, conferimos total confiança. Questionado o fato de não termos o carro em nosso nome, fomos imediatamente tranquilizados, com a alegação que nem mesmo uma declaração do proprietário autorizando o uso do veículo fosse necessária. Mas precavidos que somos: mesmo assim háviamos feito uma declaração e a autenticamos em cartório.
Chegando em Porto Alegre, recebemos algumas informações de que seria não somente importante levarmos a declaração, mas sim: necessário autenticá-la em um cartório local (uma vez que estamos no Rio Grande do Sul), levá-la ao Ministério da Relações Internacionais (Itamaraty) e, por fim, passarmos nos consulados do Uruguai e Chile para fazermos a autenticação (Nota: Para entrar na Argentina, basta uma autorização registrada em cartório e autenticada pelo Itamaraty. Para o Uruguai, não é necessário autenticar a autorização no Itamaraty, porém, é preciso levá-la ao consulado uruguaio para fazer a autenticação [R$ 108,00]. Já para o Chile, é necessário autenticação do Itamaraty e do Consulado [R$35,00]).
Começando a saga, fomos ao consulado do Uruguai. Pagamos a guia para dar entrada na legalização do documento e partimos para o Itamaraty (que só realiza a autenticação das 15h às 17h). O Itamaraty foi o local mais simples e rápido, só recebemos dois carimbos e tivemos que voltar para casa, pois todos os consulados já estavam fechados (Geralmente com expediente das 9h às 15h, com exessão do Chile, que só recebe documentos até o meio-dia, e atende até às 13h). É importante frisar que os consulados só liberam os documentos no dia seguinte, o que nos fez ficarmos em um contratempo ainda maior, pois, como só os entregaríamos em uma sexta-feira, teríamos que ficar até terça-feira da outra semana para retirá-los. E assim começou o segundo e último dia de caça-aos-carimbos. Chegamos cedo ao consulado uruguaio, choramos e usamos do carisma brasileño para conseguirmos a liberação do documento em uma hora, nos dando tempo para entregá-lo no consulado chileno antes do meio-dia. Com tudo encaminhado ainda na sexta, conseguimos ganhar um dia, e ao invés de partimos na terça, na segunda já estaremos no Uruguai.
Ufa, we’re on the road again.
Observação importantíssima: Os bluebirds dos nossos corações agradecem imensamente à Karina (Dinda da Ceci), por estar nos acolhendo no início dessa jornada. Se não fosse por ela, estaríamos muito mais desesperados nessa cidade de trânsito louco.
#6 Medo e delírio em POA
Pedro Henrique Krug. Existe desde 1993, publicitário por formação. Está sempre com um livro na mão. Viajou diferentes universos com Kubrick, Lars Von Trier e Tarantino. Gosta de Beatles, mas também ouve Raimundos. Poderia ser filho de Alan Moore ou neto de Bukowski. Prefere os confeitos coloridos.

Pedro